REFLEXÕES À ESQUERDA

" A ESQUERDA TEM DE SER VIÁVEL, E SER VIÁVEL IMPLICA

CONQUISTAR O PODER E NÃO APENAS SER A CONSCIÊNCIA CRITICA DESSE PODER... " - LUÍS SÁ

Os resultados das eleições legislativas de 5 de Junho2011 fez-me relembrar esta afirmação de Luís Sá. A esquerda globalmente perdeu e torna indispensável uma reflexão séria dos erros políticos cometidos, das falhas de avaliação, das respostas a dar e das alternativas apresentar.

Há hoje uma esquerda que cristalizou e estabilizou o seu eleitorado porque continua agarrada a concepções dogmáticas e a formas de funcionamento tipo estalinista que impedem a reflexão transversal e o debate plural das propostas e ideias. Mantém um tipo de funcionamento assente numa concepção fechada, de orientação e pensamento único. Esta esquerda não conseguiu evoluir no tempo e transforma sempre derrotas ou resultados de resistência, que não contribuem para uma alternativa clara de poder, em vitórias.

Há uma outra esquerda mais plural, moderna e progressista que pode e tem de ocupar espaço alternativo, mas que necessita de uma reflexão séria, porque não foi capaz de capitalizar descontentamento e impedir o voto útil (inútil pela derrota que se perspectivava e que foi justa) num Partido que falhou no plano governativo e que praticou a politica mais à direita dos últimos anos.

È nas derrotas que se vê a grandeza da esquerda e são elas que muitas vezes permitem apontar caminhos mais ajustados para o futuro.

A esquerda não centralista e não estalinista tem todas as condições para acreditar no futuro desde que mantenha e alargue espaços e formas de intervenção a outros sectores e crie mecanismos que permitam manter muitos anteriores eleitos, outras personalidades e sectores um papel activo e de luta.

Que futuro para a esquerda ? Qual o papel a desempenhar ? Quais as formas que permitam lutar por uma alternativa de poder de esquerda?

Avaliar os erros do passado permite compreender os resultados. Mas o que se torna imperioso é afirmar o projecto necessário e construir caminhos internos mobilizadores e catalisadores para o futuro. Estou disponível para essa reflexão em espaços que à esquerda permitam o debate de ideias e a luta do contraditório. Esta é a esquerda do futuro a outra é uma esquerda de pirro.

Mas esta esquerda também se sujeita, pelas regras plurais de funcionamento, a que alguns protagonistas que se representam a si próprio se ponham em bicos de pé em conjunturas difíceis e opinem muito sem ter feito tudo, em tempo útil, para que o resultado fosse outro (só se dão por eles, na vida partidária, nos maus momentos).Mas este é um risco que esta esquerda plural e livre tem de correr e ultrapassar.

A situação Portuguesa é grave e os portugueses ainda não se aperceberam da penosidade das medidas, das suas consequências e votaram à direita por culpa de uma governação falhada e medíocre.

Uma parte dos portugueses deixou-se encadear pelo desanimo e descrença e outros não compreenderam nem conhecem no concreto as medidas que a Troika impôs a Portugal e que foram assumidas pelos Partidos que nos vão governar no futuro próximo com doses de radicalismo já visíveis no discurso de um dos Partidos que não atingiu o resultado que ambicionava, mas que se põe em bicos de pé numa sede radical de poder assustadora e preocupante.

A esquerda deve relacionar-se de forma descomplexada e procurar os caminhos para mobilizar, por exemplo, os descontentes, os jovens, os desempregados, os precários, os sectores sociais e culturais.

A esquerda tem de reflectir como poderá mobilizar e colocar o homem no centro dos seus valores e ideias e tornar, perfilhar e fazer compreende-las de modo a que um dia essa alternativa seja perceptível, motivadora e mobilizadora.

Com a minha experiência, as minhas humildes e honestas opiniões contribuirei para o debate na esquerda e com a esquerda, mesmo com aquela que continua a olhar para o Sol Nascente e a impor regras de funcionamento que cerceia a criatividade e a liberdade de opinião.



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