Pensar a Esquerda, Pensar à Esquerda (2)


II
O 25 de Abril trouxe-nos a liberdade e a democracia e foi gerador de importantes e profundas transformações que a CRP integrou. Representou um capital de esperança por uma vida e um futuro melhor que a actual governação de direita ultraliberal quer destruir pedra sobre pedra. Temos de ter presente que os direitos conseguidos não foram dados, mas são fruto de muita luta e persistencia de  gerações de democratas e trabalhadores.
A esquerda teve nas suas diferenças um importante papel no desenvolvimento, construção e solidificação do Portugal democrático, mas também cometeu erros e não foi capaz de resistir, em muitos momentos, aos ataques da direita e às contradições do processo em resultado de uma certa incapacidade de unir forças e construir pontes.
A esquerda foi aprendendo ao longo do processo histórico, mas tem de aprofundar essa aprendizagem pois as respostas são complexas e difíceis, mas urgem.
A esquerda foi amadurecendo, mas cometeu erros, um dos quais me reportei no primeiro artigo,  que possibilitou termos um Presidente da Republica conservador, incapaz de ser o fiel representante dos Portugueses,  indiferente aos deveres constitucionais e que foi responsável, enquanto, Primeiro-Ministro pela destruição do nosso aparelho produtivo (agricultura, pescas e industria). Uma das figuras mais retrogradas que mais tempo exerceu e continua a exercer o poder desde o 25 de Abril.
Há uma certa força politica que diz ser de esquerda (sociologicamente será !?) mas tem um discurso e uma pratica de direita que nos conduziu à situação em que nos encontramos e vivemos hoje: - sob a governação mais liberal e de direita que não  há memória (PSD/PP).
Há uma outra esquerda que continua com os mesmos vícios, tiques, defeitos, preconceitos e cegueira sectária que em algumas áreas e frentes de influencia se tem acentuado em prejuízo da unidade e do reforço integrador e mobilizador da reflexão e da luta com todos.
Há ainda uma esquerda que deu novos sinais de abertura e de união de forças que precisa de aprofundar caminhos alternativos que permita o seu reforço no quadro de uma ofensiva ideológica sem precedentes conjugada com o silenciamento e até deturpação das suas reflexões e posições.
A mudança, como tudo, na vida é um processo lento, difícil, complexo e cheio de engulhos, mas é preciso ter a lucidez e a convicção de que é fundamental para a construção do novo e do diferente.
Esta esquerda quer-se consequente, firme, coerente e plural, que se apresente como alternativa de projecto e proposta de poder aos actuais paradigmas e inevitabilidades da direita e de uma certa social-democracia que se rendeu aos encantos de sereia  das politicas de financeirização da económica e à lógica do mercado.
Os objectivos de uma alternativa ao neoliberalismo e à financeirização do sistema politico têm de ter uma resposta devidamente equacionada e objectivada pela esquerda da esperança.
A crise é sempre um factor de dificuldade, apreensão e de incerteza mas, também, de alento, esperança alicerçados na luta.
Na construção de um mundo diferente há sempre engulhos, obstáculos, incompreensões e porque não
dizê-lo formas  diferentes de o edificar que resultam das contradições que qualquer processo transformador transporta.
Vivemos a fronteira do tudo, do possível e do nada mas os processos eleitorais na França e na Grécia com os seus resultados, incertezas e diferenças permitem esperança e o acreditar que há uma esquerda em que se pode confiar e que deixam tudo em aberto.
A esquerda com as suas diferenças pode ser integradora e complementar na defesa das populações e dos trabalhadores.
O impacto do resultado do Siryza na Grécia e tudo que representa em termos do movimento popular e social ainda é difícil de medir, mas trás esperança, alimenta paixões, cimenta convicções e torna mais claro os caminhos que é preciso continuar a percorrer contra a Europa dos mercados e das agências sem rosto e as politicas de austeridade da UE, BCE  E FMI.
O sentido de compromisso com o Povo é fundamental para que este acredite que há uma esquerda capaz de reagir contra a Europa dos mercados e da finança.
È crucial manter o foco no essencial para se construir o que queremos, unindo forças e pessoas, que desejam uma Europa social e de cidadania.
Haverá concerteza acidentes de percurso mas a Grécia alimentou o sentido exacto de que é possível erguer uma esquerda firme, responsável, visível e forte que não se rende nem cede e que poderá trilhar o rumo da mudança transformadora....

" MUDOU A ATMOSFERA DA VIDA. ISSO CONSEGUE-SE COM A TRANSPARÊNCIA, COM A DISCUSSÃO ABERTA E LIVRE... "


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