A minha singeleza referencia ao Centenário do nascimento de ALVARO CUNHAL

Hoje, faria 100 anos Álvaro Cunhal! Não posso deixar de me juntar à homenagem pelo muito que aprendi na humildade, no saber ouvir, no respeitar os outros, na tolerância, na solidariedade, na fraternidade e no meu crescimento e conhecimento politico.

Álvaro Cunhal tinha traços que muitos dos actuais dirigentes deviam assimilar e aprender na sua prática política e no relacionamento com os outros

Vivi alguns episódios enquanto dirigente juvenil e não só que me fizeram crescer como homem que vê na politica uma forma de transformar e mudar a sociedade, e que aspira a uma sociedade em que acabe a exploração do homem pelo homem.

Por muitas das vicissitudes do percurso politico não esqueci, não esqueço todos os meus referenciais e mantenho toda a minha gratidão pelo muito que sou hoje ao Partido que me ajudou a crescer politicamente e a Álvaro Cunhal pela sua extraordinária dimensão humana.

 Um dia destes contarei, para que fique, algumas anotações, que tenho de actividades e reuniões em que participei que contaram com a presença de Álvaro Cunhal, que na sua simplicidade ouvia e compreendia…

Mas recordo que numa das iniciativas da Direcção Central da JCP realizada alguns anos em Lisboa foram organizadas secções temáticas e coube-me a mim dirigir a secção dos trabalhadores-estudantes. Recordo com muitos sentimentos pessoais e porque não dizê-lo sem vergonha com a lágrima no canto do olho que Álvaro Cunhal percorreu as várias secções para ouvir! Entrou-me na minha sala e eu convidei-o para a mesa. Ele respondeu “Neto vou sentar-me cá trás a ouvir-vos ”. Bateu-me afectuosamente nas costas e assim fez! Continuamos com os trabalhos da secção e Álvaro saiu, entretanto, acenando-me amigavelmente com as mãos Na intervenção final abordou todos os temas discutidos nas secções traduzindo toda a reflexão havida com uma elegância, elevação e conteúdo político de quem sabia aprender com os outros e adequar as respostas políticas de acordo com o pulsar do colectivo.

A minha homenagem é de gratidão por tudo o que aprendi e sou!

A humildade, simplicidade, solidariedade, fraternidade e respeito pelos outros serão sempre fios condutores da minha vida pessoal, cívica e política.

Não posso deixar de terminar sem citar algumas frases do livro “O Partido com paredes de Vidro” de Álvaro Cunhal


            "O PARTIDO COM PAREDES DE VIDRO" – ALVARO CUNHAL

“Por isso o comunista educado nos princípios democráticos é democrata sem esforço. É democrata porque não sabe pensar e proceder de outro modo. Porque não tem um desmedido orgulho e vaidade individual. Porque tem consciência das suas próprias limitações. Porque respeita, porque ouve, porque aprende, porque aceita que os outros podem ter razão

Dirigir não é mandar, nem comandar, nem dar ordens, nem impor. É, antes de tudo, conhecer, indicar, explicar, ajudar, convencer, dinamizar. São péssimos traços para dirigentes o espírito autoritário, o gosto do mando, a ideia da superioridade em relação aos menos responsáveis, o hábito de decidir por si só, a suficiência, a vaidade, o esquematismo e a rigidez na exigência do cumprimento das instruções.

Uma qualidade essencial num dirigente comunista é a consciência de que tem sempre de aprender, tem sempre de enriquecer a sua experiência, tem sempre de saber ouvir as organizações e os militantes que dirige.

E, quando se fala em ouvir, não se trata apenas de ouvir num gesto formal, protocolar e condescendente. Não se trata de receber passivamente e registar por obrigação o que os outros dizem. Trata-se de conhecer, de aproveitar e de aprender com a informação, a opinião e a experiência dos outros. Trata-se eventualmente de modificar ou rectificar a opinião própria em função dessa informação, opinião e experiência


Perigoso para uma direcção e para os dirigentes (em qualquer escalão) viverem e pensarem num círculo fechado e à parte.”

A LUTA CONTINUA

                                                                 Maia, 10 de Novembro de 2013

                                                                           ANTÓNIO NETO                                                                                    









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