Notas do dia
1. A Agenda politica dos
jornais.
Nenhum jornal de domingo releva,
na primeira página, o Conselho de Ministros extraordinário realizado, na Pampilhosa
da Serra, Coimbra, com excepção de uma pequena nota do Público. Pretendem
silenciar as medidas tomadas. Há apenas referências politicamente intencionais
e sem qualquer fundamentação como acontece no JN “ medidas anunciadas sabem a pouco”:
Uma agenda politica escondida dado
que as sondagens não são favoráveis à direita. Silenciar um Conselho de
Ministros é um sintoma preocupante. Concorde-se ou não com as medidas
esconde-las e silenciar a presença do Governo do PS, em Pampilhosa da Serra,
são sinais do tempo de desinformação e manipulação.
Se fossem espirros, passeatas, afirmações
banais ou declarações de circunstância do Sr. Presidente, comentador dos
afectos convenientes, os jornais não se esqueciam de dar destaque nas primeiras
páginas (mesmo sem qualquer critério ou justificação jornalística a não a ser
os interesses políticos que servem)
2. A RTP não cumpre o papel de
serviço público informativo
O Governo esteve, ontem, reunido
em Pampilhosa da Serra, Coimbra e aprovou um conjunto de medidas para o
interior (insuficientes ou não é matéria para outros apontamentos).
A titulo de exemplo, refiro que no
programa Bom Dia da RTP, deste domingo, a informação sobre o Conselho de Ministros,
ocorreu 25 minutos depois do seu inicio e enquadrada após noticias da final do
Mundial de Futebol, das capas dos jornais e da meteorologia.
Há uma clara violação ao dever de
serviço público de informação que atinge também o Governo e, fundamentalmente,
a solução governativa que representa. No entanto, o Ministro da tutela continua
assobiar para o lado.
Se fosse uma acção mediática do senhor
dos afectos convenientes, nos locais dos incêndios que ocorreram em 2017, seria
de certeza notícia de abertura, com os todos os paparicos intoxicantes, mesmo
sem qualquer interesse para a resolução dos problemas concretos das pessoas
(por vezes, esquecem que é Presidente da Republica com os poderes tipificados
na CRP e não Primeiro-ministro nem deputado). Mas, a comunicação social ao
serviço do bloco central de interesses constrói e alimenta, nesse sentido, a
agenda política.
3.- Centenário do Nascimento
de Armando Castro (1918-2018)
Na Biblioteca Municipal Almeida Garrett,
Porto, realizou – se a abertura da Exposição e a Sessão Evocativa do Centenário
de Armando de Castro, resistente anti-fascista e académico distinto com pergaminhos
reconhecidos na Universidade do Porto, em particular, na Faculdade de Economia na
qual foi director depois do 25 de Abril e até ser jubilado em 1989.
A comunicação social esteve, propositadamente,
distraída e silenciou o evento. O JN publica uma tímida nota na última página
da edição de hoje.
Sinais de um tempo em que se fala
muito de liberdade de informação e de critérios jornalísticos, desde que não
ponha em causa os interesses instalados e o capital que os sustenta.
4- Duas citações de Vicente
Romano _ Formação da Mente Submissa
(…) O que predomina no ecrã, quer
nos telejornais informativos quer nos espaços de ficção é o direito do mais
forte, não são os ideais democráticos de igualdade e de dignidade humana.”
(…) Os média
estabelecem os limites do discurso e da compreensão do público, do povo. Não
moldam sempre a opinião de todos, claro está, mas tampouco têm necessidade de o
fazer. Basta conseguir legitimar uns pontos de vista e deslegitimar outros.
O resultado é
um pensamento único, uniforme, acrítico e, por conseguinte, a criação de uma
falsa consciência”
Bom domingo.
Maia, 15.07.2018
António Neto
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