O Pai
Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois… Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar… E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
… menino, meu menino…
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in “Crepusculário”
Para que todos os dias sejam dias do pai, mãe, irmãos, filhos, de amizade, fraternidade, solidariedade, carinho, presença, paz e amor sem conveniências, calculismos ou estados de espirito egocêntricos.
O que se passa em Gaza e a morte cruel de crianças inocentes, apenas confirma, quem bombardeia Gaza não pode ser pai de ninguém mas bestas de alguém. Temos de lutar para que as crianças na Palestina e noutros lugares de Guerra possam ter pai e amá-lo todos os dias.
Aos pais das crianças da Palestina e de outros lugares onde a guerra e o ódio impera desejos que possam amar e viver com os seus filhos todos os dias das suas vidas.
O meu pai que partiu cedo nunca deixou de lutar em todas as frentes da vida! Onde quer que esteja espero que sinta o valor genuíno destas palavras.
Enquanto pai procuro sê-lo todos os dias e sei que recebo essa reciprocidade com todo o carinho e amor mesmo no quadro das agruras e espinhos da vida.
Maia,19.03.2025
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