AS LEMBRANÇAS.

" AS LEMBRANÇAS ME SURGEM VELOZES COMO NUVENS" - MIA COUTO
Vivemos momentos difíceis cheios de incertezas e lembro as promessas de alguns políticos.
Lembro-me das certezas dadas de que não haveria aumento de impostos e que seriam adoptadas medidas para a diminuição das desigualdades. Lembro-me das promessas feitas e não cumpridas. Lembro-me das palavras de esperança que a realidade desmente. Lembro-me dos ataques dos especuladores bolsistas e da falta de coragem para os denunciar e combater. Lembro-me, também de muitas medidas erradas e de muitas reivindicações escusadas. Lembro dos responsáveis do estado a que chegou o País e o seu descaramento para agora apresentarem soluções. Lembro-me daqueles que receitaram remédios errados que só pioraram a doença económica do País e que agora descobriram um antídoto milagreiro. Estamos na encruzilhada, mas não podemos aceitar que sejam sempre os mesmos a pagar. Lembro e trago à memória que é preciso retomar o caminho da esperança. A vida prova que a justiça social e económica não é dada de bandeja. Mas porque conheço alguns comportamentos e procedimentos do passado, não esqueço que só um País livre, pluralista e democrático nos permite manter a esperança e acreditar numa sociedade mais justa e equilibrada. Não há receitas infalíveis, nem certezas intocáveis, nem caminhos que não tenham de ser percorridos no respeito pela diferença. As ditaduras, os poderes absolutos, o neoliberalismo sem regras, o radicalismo sem saídas não são soluções para os problemas que vivemos. Precisamos de humanizar a prática politica, a sociedade e olhar o futuro através dos novos desafios que hoje nos são colocados.
Não podemos ignorar que o Homem deve ser o centro de tudo e não o lucro ou o poder a qualquer preço use as roupagens que usar. A crise não é uma fatalidade e deve servir para reflectir sobre os erros e as mentiras do passado para que o futuro seja diferente.

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