A GRÉCIA FAZ TREMER MERKEL E CIA !

" A criatividade é um fluxo de energia. Ser criativo significa ser corajoso " - UMBERTO ECO

As eleições  no ultimo domingo, na Grécia, e  o resultado do Syriza ( coligação de esquerda ) que obteve 16,5% ( mais de um milhão de votos)  passando a segunda força politica e a derrota das forças que apoiam a troica, que no global não ultrapassam os 33%, são uma luz de esperança pela mudança contra as politicas de austeridade e de resgate..

O resultado do Syriza que tanto perturba a direita e alguns sectores sectários e dogmaticos da esquerda foi uma expressão popular de mudança que resulta de propostas claras e objectivas que acrescentam esquerda à esquerda. Foi fruto de uma unidade construida e alicerçada num projecto e discurso criativo e corajoso assente nos interesses do povo grego contra o garrote da troica a mando da Srª. Merkel.

Tinha a esperança no sentido da responsabilidade e da disponibilidade de todas as formações de esquerda e progressistas de unirem forças e vontades no sentido da construção de uma alternativa de esquerda e contra as politicas neoliberais dos Senhores da Europa

Mas há quem persista em manter posições de cegueira sectária e de recusa ao dialogo à esquerda numa atitude politica que pode entregar de mão beijada a oportunidade às forças de direita de recuperar forças e retomar as politicas que conduziram a Grécia e a Europa ao desastre.

Os jornalistas, analistas políticos da nossa praça rotulam o Syriza de "extrema esquerda", de "radical" e de outros epitáfios conforme lhes é conveniente esquecendo que contrariamente a outras forças politicas defende a Europa social, solidaria, justa e que os direitos de cidadania sejam assegurados e defendidos e nunca preconizou a saído do Euro. Mas os senhores das politicas da inevitabilidade ao serviço da especulação financeira sentem perigar os seus interesses e poderes instalados quando há uma esquerda consequente que fala verdade, é coerente e cresce com o apoio e respeito pelos movimentos sociais e populares.

 É um esquerda responsável  que não se verga e que pretende averiguar a legalidade da divida grega, rejeita o memorando da austeridade e do precipício do memorando assinado com Bruxelas e o FMI e defende o fim das medidas de austeridade, da liberalização e flexibilização das leis laborais.

Esta esquerda estava e está  disponível para assumir as suas responsabilidades mediante um programa que rompa com o memorando da troica. Mas, há quem se afunde na sua luta de capela e não queira unir forças dando força à esquerda e a uma solução alternativa do poder.

Quem continua olhar para o seu umbigo não consegue perscrutar e responder ao pulsar dos movimentos populares, sociais, da juventude e dos trabalhadores gregos e europeus e apenas serve para continuar a estender a toalha aos serventuários do capitalismo financeiro que comanda a Europa. É tempo da esquerda construir o que as lutas alimentam e não deixar que as oportunidades se percam!

A esquerda não esmorece com as dificuldades mas não pode deixar de afirmar que os caminhos da mudança se constroem com unidade na diversidade e não com base em lógica sectárias e de quem não vê mais esquerda e acção do que aquela que ela própria controla e dirige. A esquerda precisa de respirar, de alargar e abrir os braços da unidade e o Syriza, como outras forças de esquerda responsável, coerente e firme pretendem contribuir com inteligência e criatividade para esse desiderato.

A minha reflexão é também a expressão do meu pensamento actual que cada vez se distancia de uma esquerda fechada sobre si mesma e os seus dogmas. Acredito que é possível, porque necessária, uma outra Europa mais justa e solidária e que o Povo Grego está na rota certa....A vida é dialéctica e este sistema caduco terá o seu fim...

                                      O líder da Syriza, Alexis Tsipras, recebeu do presidente da República, Karolos Papoulias,

                                                      o mandato para tentar formar governo. Foto EPA/SIMELA PANTZARTZI