AUTÁRQUICAS 2013



Depois de semanas de contactos com as pessoas, reuniões com instituições, entrega de informação dos programas eleitorais e de colocação de propaganda e de outras acções de campanha eleitoral a decisão de 29 de Setembro reflecte um fortíssimo cartão vermelho à direita que desgoverna o País.
O pinoquio das feiras e da alteração do significado "irrevogável" bem pode ao seu estilo propagandistico e populista "cantar" vitória, que a votação de rejeição das politicas da Troica são um elemento essencial a considerar na analise ao terramoto eleitoral que barreu a direita portuguesa.
Mas muitos terão de reflectir sobre o sentido útil do seu voto, que por vezes é desviado de quem é consequente na acção politica e age à esquerda, para quem rapidamente utiliza o voto contra os seus interesses e deixa os seus pretensos princípios políticos à porta da sua prática concreta.
Hoje, já li muitos textos informativos e de opinião sobre as autárquicas/2013, incluindo, sobre o Concelho da Maia! Há quem apenas contabilize juntas ganhas e se esqueça de mencionar os muitos votos que a direita perdeu no Concelho.
Há quem esqueça que a CDU subiu embalada pelo efeito nacional, embora numa das freguesias resulte do bom e visível trabalho realizado pelo seu eleito,  que o BE cresceu em votos e percentagem para todos os órgãos autárquicos e que pela primeira vez a freguesia de Pedrouços terá um eleito seu.
A responsabilidade da esquerda na Maia continua a ser enorme e continuo a preconizar que uma solução convergente à esquerda pode ser o caminho necessário para acabar com o absolutismo laranja no Concelho.
O trabalho autárquico é exigente, complexo e difícil mas também aliciante e atractivo porque é a acção politica de maior proximidade com as pessoas e aquele que poderá responder de forma imediata  aos problemas quotidianos das populações locais.
Assisti a muito caciquismo e controleirismo mas também a formas salutares de dialogo transversal e de sentido de respeito por cada força politica
Vi atitudes de arrogância, sobranceria e falta de respeito pelo outro, mas também vive comportamentos de afecto, respeito, tolerância e sã convivência democrática.
Os resultados no Concelho demonstram que a realidade politica local está a mudar, mas que ninguém se ponha em bicos de pé, esquecendo que a viragem à esquerda se faz com a esquerda toda e não só de parte.
A primeira conclusão é que nada é certo e definitivo e que é preciso ter um fio condutor na acção politica concreta.
Continuarei abordar este tema mas desde já considero fundamental que com humildade se discuta o que resultou, o que falhou e as debilidades existentes que impossibilitaram que houvesse ainda mais esquerda na Vereação, na Assembleia Municipal e nas freguesias.
A vida prova que estamos sempre aprender mesmo na aplicação da nossa experiência.
Na Maia a direita perdeu alguém coisa mas não perdeu o essencial e toda a esquerda tem de perceber isso se pretende valorizar os resultados positivos através das portas e pontes que podem abrir. Se viverem à sombra dos resultados poderão ter no futuro os dissabores que já tiveram no passado.
Vale sempre a pena acreditar e não desistir! Eu, acredito que  há ainda muito a ponderar, muito analisar, muito a  construir e muito a lutar para que se mude o rumo do Concelho. Esta foi apenas uma das muitas - será que a melhor e mais acertada? - passagem para a outra margem.
As espingardas não devem ser usadas para trincheirar as fronteiras da esquerda mas para combater o inimigo que está à direita.
Não basta ter um bom ou até o melhor projecto se os construtores não forem os mais ajustados ou se forem muitos para dar voz a um projecto. Os resultados são uma clara negação às politicas de direita mas também são um claro aviso à esquerda que luta e que precisa de pensar o que fazer e como fazer para passar a sua mensagem não alinhando pelo dogmatismo ou pelas vitorias absolutas que, por vezes, são efémeras por falta de consistencia ou de coerência daqueles que as aplicam.
Não vale a pena negar que é preciso mais esquerda! Mas temos muito a discutir sobre como nos organizamos, trabalhamos e agimos. As ideias e projecto e existem mas não chega...

Maia, 30 de Setembro de 2013

                                                                                       ANTÓNIO NETO

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