A ESQUERDA E O FUTURO !... (Parte 1)

" A questão que se levanta hoje é a de insistir no sentido de tornar claro que não é no dogmatismo, em concepções sectárias ou num projecto autoritário e de limitação de liberdades que se serve a essência das concepções

de esquerda " - LUÍS SÁ.

Esta analise de Luís Sá continua actualìssima e torna.se ainda mais pertinente num quadro em que a esquerda está mais fragilizada e numa encruzilhada cuja a correlação de forças é claramente de direita.

O humanismo não tem fronteiras e a ideologia diferencia opções e caminhos! A esquerda diferencia-se pelo humanismo e solidariedade sendo a liberdade um bem supremo e a sua defesa tem de estar presente em todos os actos, procedimentos e práticas internas dos Partidos que se afirmam por esses ideais e valores

Os Partidos totalitários e centralistas (no seu funcionamento e procedimento interno) tomam decisões que nem sempre respeitam a vontade maioritária do colectivo se essa for contra a vontade de quem dirige com base naquilo que consideram abstracta e subjectivamente "os superiores interesses do Partido".

Se há ideais e objectivos comuns tais pensamentos e consequentes procedimentos não podem " triturar" opiniões maioritárias de um dado colectivo mesmo que ponham em causa a vontade cristalizada e centralista do Partido nem inibir ou condicionar as opiniões minoritárias expressas.

Há Partidos que têm dificuldade no debate e em ouvir opiniões e reflexões diferentes colocando quem pensa diferente e preconiza a renovação politica num autentico "gulag" interno.

Os Partidos onde não há possibilidade de debate transversal de opiniões - como deve ser a essência de qualquer Partido democrático e de esquerda - e não há a possibilidade de apresentação de listas alternativas continuará virado e fechado sobre si mesmo sem hipótese de se abrir e compreender a realidade que o rodeia e o pensamento de outros sectores da sociedade. Um Partido que assim funciona e procede não tem condições de crescer e de aspirar a ter outro papel no futuro do País, que não seja, de mero protesto que se vai diluindo no tempo.

Mesmo num contexto difícil em que as eleições legislativas se realizaram, com uma crise económica, social e politica profunda, que suscita dificuldades de compreensão, percepção e passagem da mensagem da esquerda, os resultados foram positivamente de resistência. Mas será profundamente perigoso e errado afirmar-se que houve "crescimento sustentado", "um aumento ligeiro da expressão eleitoral"," um alargado reconhecimento da acção, das propostas e do papel do P." e "uma expressão eleitoral politica reforçada" pois tais afirmações espelham falta de humildade democrática, arrogância e impede, desde logo, uma reflexão critica e autocrítica das razões objectivas e subjectivas que determinaram uma viragem à direita no panorama politico Português.

Além disso, dificulta o rasgar de horizontes futuros e um amplo debate sereno e rigoroso que permita alargar o papel das esquerdas na sociedade Portuguesa para além do simples, embora importante, papel de contestação e protesto.

Retomarei esta reflexão em próximas notas neste espaço da blog esfera.

Aproveito para a margem da reflexão "A Esquerda e o Futuro" expressar preocupação pelas afirmações de Paulo Portas sobre as Greves , os Protestos e as concepções que o seu Partido pretende impor ao Governo em matéria de Segurança Social. Desenvolverei este tema noutras oportunidades com a esperança que o PSD - com tradições na luta social e sindical - não se deixe "amarrar" a concepções retrogradas e até totalitárias de algumas sectores do CDS/PP que mais parecem interessados em rever e vingar-se da história do que Governar em prol do País e dos Portugueses.






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