Com a marcação oportuna e necessária da Greve Geral para 11 de dezembro de 2025, lembrei-me da primeira greve geral de 12 de fevereiro de 1982 (Governo de direita/AD).

Era muito jovem, dirigente da JCP e do SESN, que integrou o CESNORTE e que deu origem ao atual CESP. Relembro, que me coube a responsabilidade, de intervir em nome do SESN no Plenário Nacional da CGTP/IN, de 14.02.1982 que fez o balanço da Greve Geral. Fui ao baú
Breves fragmentos da minha intervenção.
“Este Plenário realiza-se dois dias após a maior demonstração da unidade convergente dos trabalhadores jamais ocorrida, em Portugal, expressa na maior Greve Geral de sempre. Os trabalhadores, em uníssimo, disseram ao Governo que o Pacote Laboral não serve e que o mesmo deve ser retirado.
(...)
Sendo um setor difícil devido à situação tradicional de não adesão às greves, certo é que as gravidades das consequências da possível aplicação do Pacote Laboral do Governo formaram a consciência desses trabalhadores que na maior parte dos casos aderiram pela primeira vez numa Greve Geral. GREVE GERAL QUE FOI UM ROTUNDO NÃO AO PACOTE LABORAL DO GOVERNO.
(...)
No âmbito do nosso Sindicato é de grande importância referir aqui que mais de 50% dos trabalhadores estiveram em Greve. Em muitas empresas a adesão à Greve foi na ordem dos 90% e outras houve que atingiu os 100%.
Se o Primeiro-Ministro não viu a Greve Geral é porque está com problemas de visão e sonambulismo e se assim, aconselhamos a que vá ao médico enquanto é tempo, pois com tanta falta de visão é capaz de perder a noção exata da situação e perder o comboio da sua tão querida modernidade. Não há modernidade sem os trabalhadores.
O Primeiro-Ministro perdeu uma batalha porque os trabalhadores têm razão e nesta “guerra” a razão deu força à luta.
Provou-se que a luta é o caminho e que há forças suficientes para travar a ofensiva do governo contra os trabalhadores e os seus direitos. O direito à estabilidade do emprego e direito ao trabalho passa pela derrota do Pacote Laboral. Não duvida que os trabalhadores disseram presente e estão preparados para agir até que a famigerada lei dos despedimentos e apêndices seja efetivamente retirada.
A convergência na luta é possível e indispensável face a tão gravosa e violeta ofensiva do governo.
Para nós a Greve Geral não foi um fim, mas um caminho. A etapa necessária que nos conduzirá a todas as ações de luta necessárias para que o Pacote Laboral não passe.
Ao Governo só lhe esta uma resposta sensata: - retirar a proposta de Pacote Laboral. Se não fizer, demonstrará definitiva e objetivamente o seu verdadeiro cariz e obrigará o movimento sindical unitário a desencadear novas formas de luta.
Há continuar o esclarecimento, reforçar a organização, alargar e cimentar a unidade dos trabalhadores. Este é o rumo adequado, necessário e único para derrotar o pacote laboral e a estratégia do governo decorrente da apresentação de tal projeto.
Privatizar (…) criar instabilidade permanente no trabalho são instrumentos do capitalismo e das forças do passado. Os trabalhadores querem a modernidade, progresso (…), desenvolvimento produtivo e uma legislação que defenda a estabilidade do emprego, acabe com o trabalho infantil, precário e clandestino. Tal só é possível sem os pacotes mal embrulhados e a cheirarem a lixo do passado que o governo quer impor aos trabalhadores.
Com diálogo, mas firmes, continuaremos a luta para interromper a fornada de pacotes do Governo, enviando o pacote laboral para o caixote do lixo da história. Estaremos em todas as lutas”.
Noutras condições cá estou para contribuir, humildemente, para o êxito da Greve Geral de 11 de Dezembro!
Maia,14.11.2025

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