Sobre a farsa das comemorações do 25 de novembro, que amanhã se realizam no Parlamento, nascido da Revolução dos Cravos, cito fragmentos do discurso do saudoso camarada Álvaro Cunhal no Comício do PCP no Campo Pequeno, em 7 de dezembro de 1975

“Alguns pretendem hoje voltar a escrever a história da revolução. A direita reacionária, que desde o 25 de Abril não tem feito outra coisa senão conspirar para preparar o seu golpe, acusa disso as forças da esquerda. Pode voltar a escrever-se a história. Mas nada (nem afirmações de Partidos que se dizem democráticos, nem campanhas de intoxicação da opinião pública, nem a eventual monopolização dos grandes meios de informação) conseguirá ocultar um facto essencial: o perigo para as liberdades não veio nem vem da esquerda, mas da direita reacionária.

“Além do mais, como já sublinhámos, a tragédia da revolução portuguesa foi que, em 25 de novembro, se encontravam dum lado e do outro militares que poderiam e deveriam ter-se entendido para uma solução política da crise que se agravava dia a dia.”

“Porque assim pensamos, cremos que seria um erro fatal se hoje se estabelecesse uma divisão definitiva e irremediável entre os militares sublevados e os que dominaram a sublevação, entre os vários sectores do MFA, por muito violentas que tenham sido as divergências e confrontos.”

“Os acontecimentos mostram o abismo a que podem conduzir o sectarismo da direita e o sectarismo da esquerda, a divisão e os conflitos entre forças e homens que podem chegar a acordo na ação comum para que Portugal não regresse ao fascismo, para que o povo continue a viver em liberdade, para que seja construído um regime de democracia e de justiça social.”

“Por muito que pareça contraditório, o 25 de novembro fez surgir em vastos círculos até agora apáticos ou colaborantes com a direita uma nova consciência do perigo fascista e uma vontade de ação e intervenção em defesa dum projeto democrático.

Maia,24.11.2025


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