Escrevi em 24.02.1991 sobre a guerra no Iraque. O carácter imperialista dos EUA não mudou antes se agravou! Sendo um artigo com cerca de 34 anos, ou seja, datado no tempo, serve de reflexão sobre o papel, actual, do imperialismo americano no Mundo. Fragmentos de mais um artigo do meu baú
"Uma parte dos países europeus está de “gatas” face aos interesses do complexo industrial militar dos EUA e do expansionismo e belicismo de George Bush, que ultrapassando as deliberações da ONU, exorbitando poderes, desrespeitando os mais elementares princípios éticos, desencadeia uma guerra terrestre não com o objectivo de libertar o Koweit, mas o de destruir e impor nesse País e se possível no Iraque governos que legitimem os seus interesses.
No dia em que a URSS apresentava ao mundo uma proposta de Paz, Bush deslocou-se, despreocupadamente, ao teatro de guerra mantendo os ataques contra o Iraque.
Quando havia uma proposta de Paz credível acordada pelo Iraque e que exigia uma análise ponderada e responsável, Bush apresenta um ultimato humilhante de retirada do Iraque do Koweit, que sabia ser impossível de execução técnica e que não seria aceite por Saddam Hussein.
Está cada vez mais claro que os objectivos dos EUA e de algumas forças aliadas não é libertação do Koweit, mas a humilhação do povo iraquiano, os interesses económicos, pessoais e estratégicos na região e “sugarem” a riqueza do subsolo árabe. A ave de rapina americana mostrou a sua face como já o tinha feito noutras regiões do globo.
Não se discute a ilegitimidade da ocupação do Koweit, mas os processos utilizados e o comportamento dos EUA que pretendem impor ao mundo a sua vontade com a cobertura e manipulação da comunicação social e a passividade e até subserviência de alguns países democráticos europeus.
Os EUA não querem a Paz e a ofensiva terrestre para além de injustificável é irresponsável e pode provocar graves consequências.
O regime do ditador iraquiano não é melhor nem pior do que os regimes da Turquia e Israel, mas ó objectivo militar, politico e estratégico nem que para tal seja necessário arrasar o Iraque e dizimar o povo.
Os amigos de ontem são os inimigos de hoje o que interessa é preservar os interesses monogénicos dos EUA no mundo, continuar a vender armas e a testar o armamento moderno como o fazem nesta guerra.
A Guerra é sempre a pior solução e muito mais quando a Paz começava a ser possível.
Procura-se silenciar e denegrir os movimentos pacifistas, isolar as suas acções e conotá-los com determinadas correntes político-partidárias.
As armas não são boas em função das mãos que as têm em seu poder, porque todas se podem sujar, por múltiplos desígnios,pelos interesses dos complexos industriais militares e de expansionismo.
A proposta de Paz soviética é razoável e urge discuti-la! A Europa tem o dever histórico, até pelos laços culturais e outros que tem com o mundo árabe deixar de se entregar nos braços da política belicista e expansionista dos EUA. A Europa deve protagonizar uma política própria de defesa dos seus interesses e de procura constante da Paz.
É indispensável que Saddam Hussein e George Bush parem com a mortandade e ouçam os clamores da Paz.
Há que ouvir o Papa e as suas preocupações sobre o conflito e deverão aprovar a proposta justa, razoável e credível de Paz apresentada pela URSS aceite pelo Iraque e rejeitada pela ave de rapina americana."
Maia, 04.02.2025
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